sábado, 26 de julho de 2014

Lisboa e mais qualquer coisa



 É sempre esta tremideira na chegada. Faço um esforço para conter as lágrimas. Estou dentro do TAP que liga Gotemburgo a Lisboa. Um vôo directo que começou este mês e que para mim, imagino que para outros também, representa a ilusão de estarmos mais próximos de casa.
Ao meu lado está o meu filho num ritual que o acompanhará ao longo da vida. Ele nasceu a 3000 km da família. Esta ponte aérea representa o jantar semanal em casa dos avós. Tirando o "semanal", o resto é quase igual. E normalmente esta ponte tem menos fila que a 25 de Abril, o que é óptimo. Já a portagem dói um pouco mais.
À volta só vejo portugueses. Caras conhecidas com quem me habituei a conviver em Gotemburgo. Somos emigrantes. Com mais ou menos anos de exôdo, fomos todos à procura do mesmo. E todos, ou quase todos, contamos os dias para regressar. É por isso que voltar tem sempre o seu quê de emotivo.
Assim que as montanhas no norte de Espanha ficam para trás, o amarelo seco apresenta-me a Ibéria. Começo a sorrir e apetece-me escrever. Não há viagem mais difícil do que esta e, em cada detalhe, em cada pormenor, sinto o cheiro do conhecido e o sabor do que deixei. Adoro o meu país. Não adoro tudo, nem todos. Mas pertenço a isto, seja lá isso o que fôr.
A rapariga acabou de dizer que vamos aterrar em Lisboa dentro de momentos. Bem me parecia que conhecia este rio aqui em baixo...
Lisboa, compreendem? O meu sol, o meu céu, as pessoas que dão sentido a isto tudo.
E o Diogo aqui ao lado. Há dias melhores?
Não, não há.
Falamos daqui a umas semanas, depois de acomodar os 3kg de migas que me esperam.
Boas férias.