terça-feira, 6 de julho de 2010

Berlim













Se a memória não me falha Berlim foi a 10ª cidade que visitei na Alemanha.
É de longe, para mim, a mais interessante de todas elas. Por várias razões.
A primeira e mais importante, é porque Berlim podia ser uma cidade de qualquer país. É cosmopolita, multi-cultural e ponto marcante da história dos nossos tempos.
Digo-o sem complexos...não sou um fã da Alemanha nem dos alemães. Há gente muito ou pouco simpática um pouco por todo o lado, mas, ao fim de 11 anos a passar por este país, honestamente, a minha impressão não é a melhor.
Berlim é um caso à parte. Desde logo é uma daquelas cidades "aqui aconteceu algo importante" e eu adoro esse tipo de cidades. Pode ser uma idiotice mas sinto que estou a pisar o palco da história quando atravesso a praça onde as SS queimaram montanhas de livros.
Imagino as tentativas de fuga quando me aproximo do muro, as permanentes vigilâncias da Stasi quando olho para a torre das comunicações ou o massacre que os Aliados ali fizeram quando aprecio a arquitectura da cidade. São gostos...
Há muito para ver e ouvir. Há muito para viver.
Eu detesto repetir destinos mas Berlim entrou para a mesma gaveta onde coloco Paris, Londres ou Roma. É paragem para uma vida e em cada regresso há sempre algo novo para ver.
Berlim, é uma cidade bem recuperada. Os Aliados não a deixaram em bom estado e na parte Oriental, os russos terminaram com o serviço, rebentando muitos dos edifícios "clássicos". Aliás...esta fixação dos russos por destruir símbolos do passado dava uma tese. Em São Petersburgo rebentaram não sei quantos monumentos e igrejas para que o povo "esquecesse" a época dos Czars. Em Berlim, como em várias cidades ocupadas, desapareceram edifícios lindíssimos que faziam lembrar outros tempos e em seu lugar apareceram blocos de cimento. Tristes, feios e eternos.
Mas, dizia eu, a recuperação foi bem feita e a mistura entre o antigo e moderno não choca. Tive oportunidade de visitar um dos bunkers da cidade (há mais bunkers que latas de salsicha) e perceber o seu funcionamento. Regras, comida, espaço. Um pequeno pesadelo. Um detalhe interessante...por alojar muita gente até um período de 15 dias, num espaço reduzido e alimentação de pão e água, os bunkers eram locais propícios a pequenas manifestações de loucura e conflito. Por isso, as casas de banho não tinham portas ou espelhos, para evitar suicídios ou materiais de ataque.
Há um sem número de histórias interessantes que aconteceram em Berlim. O famoso discurso de J.F.K., a construção do muro, as viagens de avião entre os dois lados para levar comida, a imensidão de funcionários da Stasi, os pedidos a Gorbachov para que este acabasse com o muro...eu sei lá. Muitas estão explicadas no excelente museu do comunismo.
É um destino, para quem tiver essa possibilidade, a não perder.
Percorrer aquelas ruas, com excelentes cafés diga-se de passagem, é percorrer um pedaço da história.
Fiquei fã de Berlim.