sábado, 12 de março de 2011

Dubai, EAU


































O fiel guia da Lonely Planet, nas suas páginas dedicadas ao Dubai deixa o aviso: "decidam o que querem ver e a partir daí optem pelo hotel". Ora...esta é uma dica que por aquelas paragens vale ouro. E porquê? Pela simples razão de que no Dubai andar a pé é absolutamente impossível. Imagem um imenso deserto onde pessoas com algumas ideias e muito dinheiro resolvem construir um pouco de Manhattan, com algo de Caribenho, aqui e ali pincelado com glamour europeu e sempre em estilo faraónico. O resultado teórico é o Dubai. O resultado prático é, como li numa paragem de autocarro, um mapa em constante actualizacão.
Estando isto percebido a visita a este destino fica bem mais fácil...
O Dubai está dividido em 4 zonas (principais): Bur Dubai e Deira, as zonas mais antigas (e aqui antigo não tem o mesmo significado de quando se visita Roma...) onde podemos ver os souks e o que sobra de toda e qualquer tradicão e, as zonas mais novas, a Marina e o Novo Dubai, cheias de centros comeciais e hoteis de luxo.
Qualquer deslocacão é feita de táxi (ou em pontos longe da costa de metro) e aqui, convém dizer, que pela primeira vez na minha vida não desconfiei de um taxista. Tudo organizado, simples, eficiente e barato. Nota máxima.
Sabendo que o petróleo não ia durar para sempre, o Emir do Dubai abriu o deserto ao novo mundo. Turismo, Banca e Construcão são os principais criadores de emprego, além do já referido sector petrolífero. Há 195 nacionalidades no Dubai...ou seja, o mundo está lá todo. Entre a imensa legião de emigrantes asiáticos (indianos, paquistaneses, bengalis, etc), a comunidade europeia paga a peso de ouro e os locais emiratis, nota-se uma enorme fusão de culturas que não deixa grande espaco ao viajante para se sentir um estranho. Confesso que gosto de sítios assim.
O Dubai foi para mim uma enorme supresa. Sim, há taipais por todo o lado e andar 100 metros é uma aventura mas, as pessoas são de uma simpatia incrível, os servicos (autocarro, metro, etc) funcionam impecavelmente bem, a seguranca é total e as praias são idílicas.
É um destino feito para todas as bolsas. Do alojamento básico ao Burj Al Arab. De um simples táxi a um ferrari. De uma volta de barco por 30 cêntimos a uma volta de iate por mais qualquer coisa. Praia pública e grátis ou praia privada. Metro ou helicópetro. Centros comerciais com comida rápida ou restaurantes onde se janta com o sheik na mesa do lado.
Há espaco para todos e muito para ver e fazer. Como se esperaria há um grande aproveitamento do deserto para turismo, o que faz sentido. Há o emblemático Burj Al Arab, o mais alto edifício do mundo (Burj Khalifa), uma palmeira gigante com ilhas artificiais no Golfo Pérsico, um mapa mundo com novas ilhas que comeca agora a ganhar forma, o jumeirah beach park, o creek a separar Deira e Bur Dubai, os souks nas zonas mais antigas, os parques aquaticos do Atlantis e mais uma série de atraccões (como golfe e ski) que me parecem um pouco aberracões tendo em conta o destino.
O Dubai sentiu fortemente o impacto da crise financeira já que a indústria de "multiplicacão de ar" e especulacão imobiliária tinha e tem um grande peso, embora agora esteja mais controlada. Nessa altura foi o emirato vizinho (Abu Dhabi) que resgatou parte da dívida. Em sinal de agradecimento, o edifício mais alto do mundo passou então a chamar-se "Khalifa" já que esse é o nome (um dos...o camarada tem alguns 10 nomes ) do emir de Abu Dhabi (também presidente dos EAU). Nota-se uma contínua aposta no turismo (virado muito para os ocidentais) e uma tentativa de cativar mais profissionais oriundos da Europa. Os salários são verdadeiramente de sultão...
No Dubai, há um imenso deserto com edifícios iguais aos de central park rasgados por uma auto-estrada de 14 faixas. Há Prada, Armani e Versace. Há centros comerciais que albergam 20 Colombos. Há um metro que ainda brilha com estacões impecavelmente limpas. Marinas onde barcos a remos não entram. Praias cuidadas e vigiadas ao servico da populacão. O Inglês está presente em cada sinal, em cada anúncio, em cada paragem. Foi a minha primeira visita ao médio oriente mas, como se percebe, não regressei com as sensacões que inicialmente imaginaria para aquela zona do mapa. Motas, galinhas, confusão, gente aos molhos...o clássico médio oriente não passa por ali. Beirute ou Damasco, quem sabe.
Dentro do seu género devo dizer que gostei muito do Dubai. Há uns anos atrás não diria o mesmo mas hoje, 5 anos depois de chegar à Suécia e farto de bater o dente, reconheco as vantagens de uma pausa num sítio relativamente perto, mesmo às portas da Europa, onde o inverno escandinavo é cortado com uns agradáveis 25 graus e uma água cristalina. De entre as várias coisas que me deixaram boas memórias destaco uma, para mim a maior pérola do Dubai e que estranhamente não vem no guia do Lonely Planet: o Mamzar Beach Park.
Uma península no norte do Dubai, perto da fronteira com o emirato seguinte (Al Sharjah), onde um gigantesco parque verde é rodeado por areias suaves, águas calmas e edíficios elegantes. Um sítio onde os locais (emiratis e as várias comunidades emigrantes) se juntam à sexta e sábado para um grelhado de borrego, dois dedos de conversa e um mergulho na praia. Vi pouquíssimos turistas num ambiente que era claramente local, natural e não fabricado. Uma verdadeira gema. Até o facto de ser longe pode ser aproveitado para o melhor sightseeing possível: o autocarro público. É entrar, sentar e percorrer o Dubai que não vem nos roteiros durante uma hora. A não perder.
Então e agora? A vontade de voltar. A curiosidade de ver outro emirato (Abu Dhabi) e a pulguinha atrás da orelha com o vizinho Qatar. Só sarilhos...

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