Há cerca de 8 anos os rapazitos da fotografia aceitaram o desafio de um encontro anual, algures onde uma low cost nos levasse. Uma forma de atenuar a distância para a zona de conforto e de manter amizades que já duram há quase 20 anos.
Depois de Londres, Praga, Frankfurt, Barcelona, Amsterdão, Malta e Pais Basco, eis que chegou a vez de Berlim em Dezembro de 2014. Porquê? Porque a RyanAir voa de Lisboa para Hamburgo pelo preco de uma portagem para o Algarve. De Hamburgo estico o pescoco e vejo as portas de Bradenburgo. Da Escandinávia para Berlim há N hipóteses de viajar...desta vez a escolha foi o barco para Kiel, seguido de comboio para Berlim. Consta que um dos elementos da comitiva não gosta de voar no inverno, mas deixemos agora os nomes.
Boa escolha a do barco. Uma pessoa entra num Colombo com casco em Gotemburgo e depois de uma noite bem dormida está no norte da Alemanha (www.stenaline.se). Tranquilo.
O bom destas viagens é o corte que durante 3 ou 4 dias fazemos com o mundo. Todos temos algo em comum, mais não seja o sítio onde resolvemos meter a cabeca nos livros e de onde resultou uma ligacão que perdura no tempo do mundo virtual.
Quando olho para as viagens anteriores, há sempre um momento marcante, algo que ficou para mais tarde recordar. Nem sempre pelas melhores razões, mas enfim, a asneira também faz parte da vida.
Alugámos bicicletas e saímos do quarto. Aliás, o quarto era tão pequeno que não conseguimos abrir a porta com os 4 lá dentro. O luxo não tem entrado nestas passeatas. Quem sabe lá para a reforma quando os ossos pedirem mais qualquer coisa.
Estava um frio de rachar o que não nos impediu de bater a cidade a pedal. Uma protecão para o vento nos lábios teria sido bem pensado, mas rasgar tudo também foi uma opcão. Tentámos chegar aos pontos mais emblemáticos de Berlim enquanto a luz não desapareceu. Os dias no norte da europa são curtos e a nossa agilidade para acordar cedo, diz quem sabe, que não é a melhor. Mas conseguimos apalpar o centro histórico com pit-stop nos mercados de natal para aquecer a alma. Vinho quente e salsicha na brasa. Os alemães nunca serão famosos pelos dotes culinários, portanto, em roma sê romano.
Os tempos são outros. Estamos mais velhos e até já entramos em lojas. Chegámos mesmo a fazer compras e a trazer sacos para casa.
O Benfica jogava com o Porto e a ideia de procurar um tasco com sporttv desapareceu na segunda Weiss de uma cervejaria no Sony Center, em Potsdam. Nunca tinha visto canecas de 1L. E também foi a primeira vez que provei weiss com sabores de fruta. Gostei.
Sentámo-nos com um plano definido: aquecer um pouco e seguir para a estacão central, para comprar os bilhetes que nos levariam a Hamburgo no dia seguinte. Umas horas e algumas frutas depois, afinal parece que não. A conversa desenrolou-se naquele ritmo que se conhece até que um de nós alertou: "vê lá se não há portugueses por perto!!". É chato quando se entra na filosofia da oficina e não estamos no meio do deserto. Ao fim de muito tempo, virei-me para trás e perguntei: "olha lá, tu és portuguesa, não és?". E era. A Eunice de Beja estava elucidada sobre o poder filosófico da fruta e dos cremes em geral. Ser metro em Berlim já não é o que era. Quem disse que há sempre um português em cada canto, sabia o que dizia. A conversa deixou de ser a 4 e passou para 6, com a Eunice e o simpático amigo holandês a fazerem as honras de Berlim. Fomos descobrir uma zona de clubes underground, bem fora do centro e quando chegámos a casa, o pequeno almoco estava mesmo ao virar da esquina. Hamburgo não aconteceu e o dia seguinte foi passado a descobrir uma forma de sair de Berlim.
No meio dos pensamentos ainda descobrimos uma loja portuguesa (www.paz-dalma.com) onde nem o pastel de nata com expresso faltou.
Tenho especial gosto por Berlim. É uma espécie de sociedade das nacões mesmo aqui ao lado de Gotemburgo.
Quanto a eles, foi a dose do costume. Sorriso, boa disposicão e barraca qb. Algures entre as frutas decidimos fazer a 9a edicão numa ilha dos Acores e, comemorar o décimo aniversário destas aventuras, num daqueles destinos de mar azul, claro e quente, com bebidas às cores e frutas tropicais sim, mas no prato. E desta vez, a oito.
Não era para dizer por aqui, pois não rapaziada?
Obrigado.
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