segunda-feira, 13 de junho de 2011

Vilnius e Trakai, Lituânia...ahh...e a República do Uzupio

















A história de Vilnius, a capital da Lituânia, é uma novela comum daquele lado do Báltico. Ocupados, ocupados e ocupados. Quando se livraram do Czar russo (na altura da I GG), gozaram um ano inteiro de independência (uma loucura) até serem invadidos pelos polacos. A ocupada Vilnius deixou de ser a capital e Kaunas assumiu esse estatuto durante 20 anos. Depois da IIGG trocaram de dono. Estaline & friends ficaram até à década de 90.
O guião é, mais coisa menos coisa, o "play it again Sam" do Báltico.
Dito isto...qual foi a surpresa? É que Vilnius é de longe, das 3 capitais Bálticas, a menos escavacada pelos russos apesar de por lá terem andado quase 200 anos.
Nas outras duas capitais (Tallinn e Riga) a envolvente (leia-se fora do centro histórico) é de fugir a sete pés. Blocos cinzentos feitos a régua e esquadro. A imagem de marca da arquitectura soviética bolchevique. Feio, feio, feio. Em Vilnius, estas "pecas de arte", misturam-se com as demais e mesmo longe do centro, não vi nada em quantidade suficiente para ferir a vista.
Por outro lado as pessoas são as mais "russificadas" dos 3 povos bálticos. A língua é muito parecida e para encontrar alguém a falar inglês, nem nas informacões turísticas...
Vilnius é também a única capital Báltica longe do mar. E que calor estava por aqueles lados! Claramente já abandonei o Alentejo há muito...
A cidade é bonita. E muito interessante. Ao contrário do que eu pensava há "material" para encher vários dias. O museu do genocídio (antiga sede do KGB) é obrigatório. Tudo documentado e bem explicadinho para que nenhum turista deixe de perceber o que representou o séc XX para aquela gente. Enquanto visitava as celas e lia os nomes dos que ali foram mortos ou enviados para a Sibéria pensava na sorte que foi nascer junto ao Atlântico. Quanto mais conheco mais percebo a sorte que a geracão de Abril tem. É pena não a sabermos aproveitar mas essa é uma conversa que não cabe num texto sobre Vilnius.
A cidade teve em tempos uma muralha que a protegia dos invasores. A primeira coisa que os russos fizeram foi deitá-la abaixo porque, segundo relatos da época, era prejudicial para a higiene e bem-estar dos moradores. Certo...caminho livre para o KGB entrar a meio da noite em casa e meter famílias inteiras nos comboios para a Sibéria é que dava uma saúde de ferro.
Do castelo sobra a torre com uma magnifica vista sobre a cidade.
A parte mais interessante de Vilnius é o seu centro histórico, património da Unesco, onde, entre outras coisas, se pode jantar à meia-noite. Para quem vive no norte da Europa (onde os restaurantes fecham às 21 ou 22h), encontrar este bocado de Lisboa a 1h de casa é um pequeno mimo.
Aliás, ver gente numa esplanada depois das 23h, nos dias que correm, já me aproxima de casa consideravelmente.
Outro ponto obrigatório em Vilnius é uma passagem pelas ilhas do lago Trakai (30 km), em especial, aquela onde sobrevive o mítico castelo. Algures no tempo os moradores da zona comecaram a destrui-lo aproveitando tijolos para as suas próprias casas. Curiosamente foram os russos que iniciaram a sua recuperacão...vá lá, vá lá camaradas...
Hoje em dia é uma excepcional zona de recreio para famílias de locais e turistas. Para mim, com o termómetro a chegar aos 30 e com o mar a 300km, foi um alívio.
Outro dos pontos que dá um certo carisma à cidade é o "Monmatre" de Vilnius, a República do Uzupio. Um bairro criado fora das muralhas da cidade onde viviam as classes mais pobres. Hoje em dia é o sitio onde se juntam os artistas. As galerias e os cafés proliferam. Até uma constituicão própria escreveram. Noutros sítios chamar-se-ia "anarquia", ali, parece fazer sentido. São filósofos senhor.
E peixe? Epá...assim resumidamente, não há. Carne com batatas e batatas com carne. Ah e tal o mar está longe. E então? Nunca ouviram falar em "camiões frigorífico".
Fora o peixe (e as melgas), Vilnius foi uma agradável descoberta e despertou-me a curiosidade para regressar ao país.
Desta vez para explorar a costa do Báltico, na zona de Palanga.

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