terça-feira, 25 de setembro de 2012

Malta, Gozo e Comino





































A viagem para Malta comecou com a quebra de um mito: o pessoal de bordo. Vou evitar a palavra hospedeira para não ferir susceptibilidades. "Agora somos comissários de bordo e não sei quê!!"
O pessoal de bordo da Air Malta era formado por gordos, velhos e feios. E eu achei isto óptimo. Nunca percebi porque devem ser os Kens e as Barbies a servir o café. Qual é a lógica? A beleza alivia durante os períodos de turbulência? Sejamos práticos. Competência deve ser o critério. Muito bem Air Malta.
Já que falam em turbulência, deixo aqui o relato do momento FO**-** da viagem....
Mal entrei, ouvi logo o camarada do boné a dizer que "dentro de 1h esperamos alguma turbulência".
Que bom...comeco a sofrer ainda o charuto está no chão. Uma hora depois, provando que a tecnologia não falha, lá apareceram os ventos cruzados no norte de Itália. Primeiro tudo a rir com a montanha-russa. Galhofa da grande e gritos de alegria. Ao fim de alguns minutos daquela tareia nem um pio se ouvia. Estavam todos com selo. Eu já ia no segundo ataque cardíaco.
Detesto voar.
Então e Malta?
Pode ser maravilhosa ou um desastre. Tudo depende do que por lá se fizer.
A ilha principal (Malta) é relativamente pequena (36 x 12 km se não me engano). Gozo e Comino também têm dimensões muito reduzidas.
Alugar um carro e circular pareceu-nos a melhor hipótese. Tudo é perto e ficamos com melhor percepcão do terreno pisado.
Primeira dificuldade: conduzem ao contrário. Ou como dizia um colega meu de Inglaterra: "Ao contrário como??" . Não foi brilhante mas entregámos o carro inteiro.
Malta, Gozo e Comino têm boa variedade para oferecer. A famosa lagoa azul, as cidades fortificadas de Valletta e Mdina, o glamour de St. Julians, as praias de areia no norte e aquele mar quente e claro a perder de vista.
Quando aterrei em Luqa (cidade onde está o aeroporto), pensei que estava a chegar ao norte de África. Blocos em cima de blocos, roupa estendida, o branco e o amarelo dominantes, telhados lisos, ambiente seco. A influência árabe é grande por aqui. A comecar pela língua, uma espécie de italiano misturado com árabe e a terminar nos vizinhos. A Líbia está mesmo ao virar da esquina.
Estando no meio do Mediterrâneo não será de estranhar que o arquipélago tenha recebido vários senhorios. Arabes, Romanos, Italianos, Turcos, Espanhóis, Napoleão (este gajo não podia ver nada...) e os cavaleiros da ordem de St. John que representarão talvez o período de maior prosperidade e estabilidade na zona. São o galo de Barcelos do turismo local...
Se tivesse que destacar um sítio teria que ser Mdina, justificadamente a jóia da coroa. Cidade fortificada, lindíssima e em bom estado de conservacão. No mar, diria que basta cair em qualquer sítio e a probabilidade de ver águas claras é grande, mas, claro, a Lagoa Azul é um must.
A zona onde os barcos largam as pessoas é relativamente deprimente...não há espaco para uma perna. Andando pelas rochas que envolvem a lagoa é possível ter um bocadinho do paraíso por umas horas.
Reparei também que o coelho entrava muito na gastronomia local. Curiosamente não vi nenhum nos pastos, mas vi muitos gatos. Estava bom. Devia ser do tempero.
Para quem gosta de mergulho Malta também é uma boa escolha já que é o cemitério de alguns destrocos da IIGG. No dia de regresso, quase por acaso e na tentativa de molhar o corpo antes de entrar no avião, descobrimos um perto de Ghar Lapsi. A ilha está cheia deles.
O ambiente é descontraído e os locais simpáticos. Sinceramente gostei de lá estar e achei que Malta é muito mais do que perna estendida na praia.
Excepcão feita para uma zona chamada Paceville. Um bairro de bares e discotecas onde ingleses dos subúrbios se embebadam e causam distúrbios. É uma prova viva de como o turismo de massas não funciona.
Muito, mas mesmo muito, mau.
Volto por isso ao início...ir para Malta para ficar nos entalados de aparthoteis, na minha modesta opinião, é uma cretinice.
Explorar a(s) ilha(s) e misturar a componente histórica com aquele mar único, já acho que faz mais sentido.
E nessa vertente, Malta é claramente um destino para repetir.
Boa companhia, como sempre, também fez a diferenca.