sábado, 20 de dezembro de 2014

Quando viajar não é apenas conhecer o destino



















Há muito que acho que viajar não se resume a conhecer a história do destino ou passar no museu de nome mundial. Sim, é uma pena passar em Berlim sem saber o que aconteceu na Bernauer Strasse ou deambular no quartier latin de Paris desconhecendo que a Monalisa está ali ao lado, mas, bem mais marcante do que isso, pelo menos para mim, é dividir a experiência com quem nos ajuda a criar sorrisos para mais tarde recordar. As pessoas contam.
Há cerca de 8 anos os rapazitos da fotografia aceitaram o desafio de um encontro anual, algures onde uma low cost nos levasse. Uma forma de atenuar a distância para a zona de conforto e de manter amizades que já duram há  quase 20 anos.
Depois de Londres, Praga, Frankfurt, Barcelona, Amsterdão, Malta e Pais Basco, eis que chegou a vez de Berlim em Dezembro de 2014. Porquê? Porque a RyanAir voa de Lisboa para Hamburgo pelo preco de uma portagem para o Algarve. De Hamburgo estico o pescoco e vejo as portas de Bradenburgo. Da Escandinávia para Berlim há N hipóteses de viajar...desta vez a escolha foi o barco para Kiel, seguido de comboio para Berlim. Consta que um dos elementos da comitiva não gosta de voar no inverno, mas deixemos agora os nomes.
Boa escolha a do barco. Uma pessoa entra num Colombo com casco em Gotemburgo e depois de uma noite bem dormida está no norte da Alemanha (www.stenaline.se). Tranquilo.
O bom destas viagens é o corte que durante 3 ou 4 dias fazemos com o mundo. Todos temos algo em comum, mais não seja o sítio onde resolvemos meter a cabeca nos livros e de onde resultou uma ligacão que perdura no tempo do mundo virtual.
Quando olho para as viagens anteriores, há sempre um momento marcante, algo que ficou para mais tarde recordar. Nem sempre pelas melhores razões, mas enfim, a asneira também faz parte da vida.
Alugámos bicicletas e saímos do quarto. Aliás, o quarto era tão pequeno que não conseguimos abrir a porta com os 4 lá dentro. O luxo não tem entrado nestas passeatas. Quem sabe lá para a reforma quando os ossos pedirem mais qualquer coisa.
Estava um frio de rachar o que não nos impediu de bater a cidade a pedal. Uma protecão para o vento nos lábios teria sido bem pensado, mas rasgar tudo também foi uma opcão. Tentámos chegar aos pontos mais emblemáticos de Berlim enquanto a luz não desapareceu. Os dias no norte da europa são curtos e a nossa agilidade para acordar cedo, diz quem sabe, que não é a melhor. Mas conseguimos apalpar o centro histórico com pit-stop nos mercados de natal para aquecer a alma. Vinho quente e salsicha na brasa. Os alemães nunca serão famosos pelos dotes culinários, portanto, em roma sê romano.
Os tempos são outros. Estamos mais velhos e até já entramos em lojas. Chegámos mesmo a fazer compras e a trazer sacos para casa.
O Benfica jogava com o Porto e a ideia de procurar um tasco com sporttv desapareceu na segunda Weiss de uma cervejaria no Sony Center, em Potsdam. Nunca tinha visto canecas de 1L. E também foi a primeira vez que provei weiss com sabores de fruta. Gostei.
Sentámo-nos com um plano definido: aquecer um pouco e seguir para a estacão central, para comprar os bilhetes que nos levariam a Hamburgo no dia seguinte. Umas horas e algumas frutas depois, afinal parece que não. A conversa desenrolou-se naquele ritmo que se conhece até que um de nós alertou: "vê lá se não há portugueses por perto!!". É chato quando se entra na filosofia da oficina e não estamos no meio do deserto. Ao fim de muito tempo, virei-me para trás e perguntei: "olha lá, tu és portuguesa, não és?". E era. A Eunice de Beja estava elucidada sobre o poder filosófico da fruta e dos cremes em geral. Ser metro em Berlim já não é o que era. Quem disse que há sempre um português em cada canto, sabia o que dizia. A conversa deixou de ser a 4 e passou para 6, com a Eunice e o simpático amigo holandês a fazerem as honras de Berlim. Fomos descobrir uma zona de clubes underground, bem fora do centro e quando chegámos a casa, o pequeno almoco estava mesmo ao virar da esquina. Hamburgo não aconteceu e o dia seguinte foi passado a descobrir uma forma de sair de Berlim.
No meio dos pensamentos ainda descobrimos uma loja portuguesa (www.paz-dalma.com) onde nem o pastel de nata com expresso faltou.
Tenho especial gosto por Berlim. É uma  espécie de sociedade das nacões mesmo aqui ao lado de Gotemburgo.
Quanto a eles, foi a dose do costume. Sorriso, boa disposicão e barraca qb. Algures entre as frutas decidimos fazer a 9a edicão numa ilha dos Acores e, comemorar o décimo aniversário destas aventuras, num daqueles destinos de mar azul, claro e quente, com bebidas às cores e frutas tropicais sim, mas no prato. E desta vez, a oito.
Não era para dizer por aqui, pois não rapaziada?
Obrigado.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Magellan Route, o projecto que se segue...


O que aí vem é bom. Ou pelo menos esperamos nós que seja bom.
A seu tempo, com imagens, datas e programas, revelaremos o projecto que uniu alguns portugueses com um gosto comum: viajar! Para já fica o nome: Magellan Route.
Aproveitamos para agradecer quem se juntou a nós e ajuda, neste momento, a formar uma rede de destinos. 
O objectivo é relativamente simples. Navegar por mares desconhecidos e tal como os nossos antepassados, chegar a bom porto. Pelo caminho, aproveitar para conhecer gente nova, outros hábitos, diferentes culturas e aprender algo mais sobre esta esfera azul onde vivemos.
Enquanto cresce o nosso mapa, continuamos a procurar outros portugueses que, tal como nós, tenham a paixão de conjugar o verbo Ir.
Tu que estás nos EUA, na Ásia ou numa capital europeia e gostavas de apresentar a tua zona a outros viajantes, contacta-nos para saberes as condicões, o número de viagens e as contapartidas financeiras.
Deixa o teu contacto nos comentários e já agora, faz-nos um favor e passa a palavra :)
Fixa o nome: Magellan Route! Está a chegaaaaaaaaaaaaaaaar!


domingo, 30 de novembro de 2014

Viajante, dá-me 5 segundos do teu tempo sff.



Este ano (2015) estou a pensar organizar 3 ou 4 viagens de grupo. A Islândia, em Abril, será a primeira.
Traco percursos, escolho datas e imagino o melhor mês para cada um dos destino que me vai na alma.
Contudo, mantenho uma dúvida quanto a um deles e não há maneira de me decidir. Tenho as minhas preferências mas gostava de saber, pelo menos estatisticamente, qual, entre Petra, Jerusalém, Havana e Nova Iorque, seria o destino mais desejado.
Assim, peco-vos que me ajudem, votando naquele quadro que está ali em cima, no canto superior direito. O que dali sair, aparecerá no papel.
Obrigado pelo vosso tempo.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Islândia em Abril de 2015, vamos?


Quando comecei a preparar esta viagem segui o ritual do costume. Como qualquer sítio que me desperta a atencão, tenho mais ou menos uma ideia do que procuro e porquê. No caso da Islândia as chamadas de atencão forma tantas que, enfim, antes de partir já sei que voltarei.
Já todos vimos a Islândia, pelo menos num filme. Um vulcão na "vida secreta de Walter Mitty" e outro, mais a sério e transmitido nas notícias em horário nobre, que atrapalhou o tráfego aéreo por umas semanas. O tal Eyjafjallajokull que jamais conseguirei pronunciar.
Quem segue o clássico James Bond também já viajou pelos glaciares islandeses até à exaustão.
As imagens das baleias e aquela simpática e pequena capital de tetos vermelhos, Reiquiavique.
A lagoa azul e os banhos terapêuticos. Enfim, a Islândia algures na vida deve passar no nosso imaginário. No meu, ficou.
Quem me lê aqui e noutras paragens, sabe que a minha profissão é o meu sustento, mas são as viagens que me realizam enquanto trabalhador. Sim, viajar dá trabalho. Preparar uma viagem, um percurso, prever os azares, reduzir os custos e tornar tudo memorável, dá muito trabalho. Mas é algo que faco com verdadeiro gosto. Seja para viajar sozinho, com o meu filho, com a minha companheira, com o meu pai, com um grupo de amigos ou conhecidos. A viagem comeca em casa. Hoje não tenho quaqluer dúvida sobre isso.
Depois de duas experiências de grupo bem sucedidas (aqui e aqui), acho eu, organizadas por mim e outros companheiros, resolvi levar isto um pouco mais a sério e tentar fazer nova viagem de grupo. A Islândia parece-me um destino diferente, fora do circuito mais comum e nem por isso menos interessante.
A minha ideia, já que apenas estarei 3 dias, é seguir o circuito clássico do "circulo dourado" (excelente descricão no fotoviajar.com - aqui). Conhecer Reiquiavique e passar num dos muitos glaciares, de preferência no set de "Die Another Day" ou descobri-los de barco.
Assim sendo, se alguém estiver interessado em descobrir a Islândia, comigo e com outros portugueses que também partirão da Suécia, estes são os dados da viagem:

. Oslo - Reiquiavique no dia 18 de Abril de 2015 (Icelandair)
. 3 noites em hotel de 3 estrelas com PA incluído
. Reiquiavique - Oslo no dia 21 de Abril (Icelandair)

Preco: 3200 Sek

Excursões, refeicões e outras despesas na Islândia não estão incluidas no preco.
A oferta a este preco é válida por tempo limitado e será indexada ao preco da viagem de avião e disponibilidade do hotel (neste momento temos 4 vagas).


Interesse ou pedido de informacões para voltaaomundo80dias@gmail.com

Sejam bem-vindos!

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

As senhoras que se seguem




Decididamente não sou um fã das viagens de inverno. E como diria qualquer político num debate, por 3 ordens de razão diferentes, ainda que não vá explicar nenhuma aqui. Não tem interesse para a narrativa. Admitindo que existe uma.
Mas, olhando ali para a janela, constato que ainda gosto menos de dias escuros, frios e chuvosos. Há umas semanas atrás estive em Lisboa e vi o céu. Era azul. Vi eu, ninguém me contou. Desde que regressei nunca mais tive notícias dele. Sei que está algures ali em cima, depois deste casaco de nuvens que me sufoca semana após semana.
Daí até pegar no skyscanner, é normalmente um pulinho. O Homem sonha e o mundo avanca, diz aquele power point com gatinhos que vocês metem no facebook. Comigo é igual, mas sem os gatinhos e com mais google maps.
Já estou há anos suficientes na Escandinávia para deixar pontas soltas...não pode ser. É tempo de dar um salto à Islândia, fechar esta parte do mapa e perceber o porquê de todos os "uaus" de quem regressa. A expectativa é grande e os vôos baratos convidam.
Nova passagem por Berlim nos próximos dias também na agenda. Porquê? Porque está aqui ao lado e porque é uma cidade eterna, diversificada e absolutamente fascinante. Berlim nunca é demais.
E para não deixar a coisa entre louros, estou a planear o regresso ao médio oriente, zona que particularmente me agrada, se possível a Petra e aos peixes coloridos do mar Vermelho, na Jordânia.
É uma espécie de Natal. Ou de céu azul.
Relatos no regresso.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Istambul, a cidade onde tudo aconteceu





























Não faz muito sentido, pelo menos desta vez, relatar o que vi nesta viagem a Istambul. A parte histórica foi escrita aqui, no longínquo 2008 das ilusões.
O que me apetece mesmo descrever é a experiência vivida.
E comeco com a deslocacão.
A minha viagem preferida acontece entre a ilha de São Miguel e Santa Maria. Não pela paisagem, que é óptima diga-se, mas pelo tempo. 20 minutos. É esse o tempo que gosto de estar no ar naquele teco-teco da Sata.
Já fazer 1,5h em idêntico teco-teco (da Czech Airlines) entre Gotemburgo e Hamburgo, é todo um outro filme. No norte da Europa as nuvens comecam no chão e acabam na Lua, mais coisa menos coisa. O teco-teco a hélice não passa dos 5000km o que significa que fui 1,5h a levar pancada da grossa e a estalar o tímpano com a hélice. Não obrigado. Fiquemo-nos pelos 20 minutos.
Já a Turkish Airlines que me levou entre Hamburgo e Istambul, foi uma supresa agradabilíssima. Já tinha lido o esforco que a companhia estava a fazer para elevar a qualidade (já vão em 4 estrelas), mas superou as expectativas. Aviões novos, servico excelente, imensas ligacões. Entraram na minha lista.
Uma viagem tem sempre o condão de nos aproximar ou afastar de quem segue ao nosso lado. É um tempo de descoberta e de conhecimento, fora do "habitat" natural e com mais tempo disponível para ver, ouvir e analisar.
Desde que comecei a viajar, há uns anos a esta parte, sempre enverguei a mochila sozinho ou na companhia de pessoas do meu circulo mais próximo.
Istambul foi a segunda vez que viajei integrado num grupo, tendo parte da organizacão a meu cargo. A primeira tinha sido numa visita ao campo de concentracão Birkenau, na Polónia, também este ano.
Maior parte dos viajantes, tal como eu, escolheram a Suécia como destino de emigracão. Diferimos no ano de chegada e na cidade de origem, mas partimos todos de onde o Sol castiga mais,
Uma coisa é conhecer alguém de vista ou de conversas de circunstância, outra é viajar.
Tal como na primeira experiência em Auschwitz, regresso de Istambul com uma boa sensacão.
A paciência não é uma das minhas virtudes e por isso sempre achei que viagens de grupo não seriam o meu copo de chá mas, constato empíricamente, que não é bem assim.
Foi óptimo percorrer as ruas de Istambul com outros portugueses que vivem em Gotemburgo. Foi bom descobrir mais pessoas que me fazem rir e ter tempo de conhecer um pouco da história de cada um. Do Alentejo ao Douro, todos diferentes, todos iguais.
Gostei de os conhecer um pouco mais e vejo com bons olhos novas aventuras de mochila às costas.
Tentar juntar os interesses de um grupo de 20 pessoas num programa, não é fácil, mas pode tornar-se engracado quando todos são flexiveis. Foi o caso.
Havia quem quisesse um gin, enquanto outros queriam um bazar ou uma mesquita. Havia quem quisesse um prato cheio de feijoada quando Istambul oferecia kebab. Havia quem quisesse kuduro quando as colunas passavam danca oriental. E, entre sorrisos, todos conseguimos o que queríamos.
Aprendi com o pessoal do norte o que significa a "zona" e  com o pessoal do Alentejo novas aldeias junto à fronteira.
Até o turco do "Hamam" (banhos turcos) conseguiu o que queria! Algumas ossadas portuguesas que, voluntariamente, se colocaram à disposicão para serem escovadas e massacradas com palha de aco e dedos de pedra.
A boa disposicão reinou e nem uma greve de pilotos e uma noite extra em terra nos tirou a moral.
E sim, aconteceu kuduro em pleno Bósforo. Não percebo.
Para mim, enquanto Português, foi importante conviver e aproximar-me de alguns Patricios mais.
O inverno é longo e escuro. Saber que não se está só, pelo menos para mim, ajuda muito.
Cheira-me que vamos repetir, algures por aí.