sexta-feira, 23 de setembro de 2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Paris













Como se pode ver pela qualidade da fotografia, a minha passagem por Paris aconteceu em 1946.
De Gaulle regressava de Londres onde, diz quem ouviu, fazia discursos fascinantes pela onda média da BBC. Nem uma só bala raspou naquele casaco cheio de medalhas mas, segundo consta, o camarada foi um herói de guerra. Coisas que os livros de história não explicam.
Paris dizia eu.
Hoje pensei em lá voltar e por isso apeteceu-me passar por aqui.
Devo dizer que adorei Paris. Se a memória não me falha, França foi o quinto país que visitei, depois de Espanha, Inglaterra, Alemanha e Suiça. Estava verdinho nestas coisas e não expremi Paris como devia. Nem a Monalisa fui ver...Mon Dieu!!
Mas bati sola como gente grande. A parte mais antiga de Paris (dos Campos Elisios para baixo) é lindissima (e enorme!!). A zona nova, cujo nome francamente não me lembro (Le Defense será?), não traz nada de novo. Prédios altos e espelhados...podia ser em Frankfurt, Londres ou Lisboa...ninguém dava pela diferença.
Foi em Paris que assisti pela primeira vez a um fenómeno chamado "utilização de jardins públicos". Estava habituado a ver em Lisboa o clássico "NAO PISAR A RELVA" e foi com algum espanto que observei centenas de pessoas nos Jardins do Luxemburgo. Um espaço enorme, muito bem cuidado onde Parisienses deitados na relva aproveitavam o Sol, liam um livro ou punham a conversa em dia. Miúdos utilizavam as fontes como ancoradouros de pequenos barcos e um pouco por toda a parte havia vida e movimento. Talvez seja essa a minha maior recordação de Paris: uma cidade cheia de vida.
Claro que passei por alguns "checkpoints" obrigatórios: o Sena, Notre-Dame, Torre Eiffel, Arco do Triunfo, Fouquet, Montmartre, etc mas ainda assim saltei uns quantos.
O já referido Louvre, o Moulin Rouge (na altura não tinha dinheiro para lá entrar) e o palácio de Versailles, entre outros.
Este último (Versailles) custou-me particularmente. Não só fui roubado no caminho para o palácio perdendo todo o dinheiro que tinha para lá chegar, como fiquei sem documentos para voltar a Lisboa. Quem me mandou ser maçarico e andar no metro com a mochila virada para trás? Enfim...vivendo e aprendendo.
O processo que se seguiu...polícia, embaixada de Portugal e a funcionária muito chateada porque estava a 15 minutos de sair e tinha que levar a esfrega de ajudar um cidadão português a regressar a casa, também dava uma bela história, mas fica para outras núpcias.
Uma nota para os camaradas franceses...não esbanjam simpatia e falar inglês raramente apetece.
Ouvi uma vez o Miguel Sousa Tavares referir-se a França (numa entrevista) como um pais lindíssimo de gente insuportavel. Eu não diria tanto mas acrescento que a minha vontade de regressar se prende mais com o Louvre do que com os Jean Pierre...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Vilnius e Trakai, Lituânia...ahh...e a República do Uzupio

















A história de Vilnius, a capital da Lituânia, é uma novela comum daquele lado do Báltico. Ocupados, ocupados e ocupados. Quando se livraram do Czar russo (na altura da I GG), gozaram um ano inteiro de independência (uma loucura) até serem invadidos pelos polacos. A ocupada Vilnius deixou de ser a capital e Kaunas assumiu esse estatuto durante 20 anos. Depois da IIGG trocaram de dono. Estaline & friends ficaram até à década de 90.
O guião é, mais coisa menos coisa, o "play it again Sam" do Báltico.
Dito isto...qual foi a surpresa? É que Vilnius é de longe, das 3 capitais Bálticas, a menos escavacada pelos russos apesar de por lá terem andado quase 200 anos.
Nas outras duas capitais (Tallinn e Riga) a envolvente (leia-se fora do centro histórico) é de fugir a sete pés. Blocos cinzentos feitos a régua e esquadro. A imagem de marca da arquitectura soviética bolchevique. Feio, feio, feio. Em Vilnius, estas "pecas de arte", misturam-se com as demais e mesmo longe do centro, não vi nada em quantidade suficiente para ferir a vista.
Por outro lado as pessoas são as mais "russificadas" dos 3 povos bálticos. A língua é muito parecida e para encontrar alguém a falar inglês, nem nas informacões turísticas...
Vilnius é também a única capital Báltica longe do mar. E que calor estava por aqueles lados! Claramente já abandonei o Alentejo há muito...
A cidade é bonita. E muito interessante. Ao contrário do que eu pensava há "material" para encher vários dias. O museu do genocídio (antiga sede do KGB) é obrigatório. Tudo documentado e bem explicadinho para que nenhum turista deixe de perceber o que representou o séc XX para aquela gente. Enquanto visitava as celas e lia os nomes dos que ali foram mortos ou enviados para a Sibéria pensava na sorte que foi nascer junto ao Atlântico. Quanto mais conheco mais percebo a sorte que a geracão de Abril tem. É pena não a sabermos aproveitar mas essa é uma conversa que não cabe num texto sobre Vilnius.
A cidade teve em tempos uma muralha que a protegia dos invasores. A primeira coisa que os russos fizeram foi deitá-la abaixo porque, segundo relatos da época, era prejudicial para a higiene e bem-estar dos moradores. Certo...caminho livre para o KGB entrar a meio da noite em casa e meter famílias inteiras nos comboios para a Sibéria é que dava uma saúde de ferro.
Do castelo sobra a torre com uma magnifica vista sobre a cidade.
A parte mais interessante de Vilnius é o seu centro histórico, património da Unesco, onde, entre outras coisas, se pode jantar à meia-noite. Para quem vive no norte da Europa (onde os restaurantes fecham às 21 ou 22h), encontrar este bocado de Lisboa a 1h de casa é um pequeno mimo.
Aliás, ver gente numa esplanada depois das 23h, nos dias que correm, já me aproxima de casa consideravelmente.
Outro ponto obrigatório em Vilnius é uma passagem pelas ilhas do lago Trakai (30 km), em especial, aquela onde sobrevive o mítico castelo. Algures no tempo os moradores da zona comecaram a destrui-lo aproveitando tijolos para as suas próprias casas. Curiosamente foram os russos que iniciaram a sua recuperacão...vá lá, vá lá camaradas...
Hoje em dia é uma excepcional zona de recreio para famílias de locais e turistas. Para mim, com o termómetro a chegar aos 30 e com o mar a 300km, foi um alívio.
Outro dos pontos que dá um certo carisma à cidade é o "Monmatre" de Vilnius, a República do Uzupio. Um bairro criado fora das muralhas da cidade onde viviam as classes mais pobres. Hoje em dia é o sitio onde se juntam os artistas. As galerias e os cafés proliferam. Até uma constituicão própria escreveram. Noutros sítios chamar-se-ia "anarquia", ali, parece fazer sentido. São filósofos senhor.
E peixe? Epá...assim resumidamente, não há. Carne com batatas e batatas com carne. Ah e tal o mar está longe. E então? Nunca ouviram falar em "camiões frigorífico".
Fora o peixe (e as melgas), Vilnius foi uma agradável descoberta e despertou-me a curiosidade para regressar ao país.
Desta vez para explorar a costa do Báltico, na zona de Palanga.

sábado, 11 de junho de 2011