sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Eslovénia
























No título optei por colocar o nome do país em vez de uma cidade.

A razão é simples e prende-se com o tamanho do destino. A Eslovénia é um pequeno país nos Balcãs, talvez do tamanho do Alentejo. Ir de norte a sul é uma questão de poucas horas pelo que esta viagem, esta etapa, acabou por ser um pequeno tour pelo país.

O objectivo principal era experimentar, pela primeira vez para mim, umas férias activas, neste caso com caminhadas em montanha. Foi assim que surgiu o Triglav, a montanha mais alta da Eslovénia. O Triglav fica nos Alpes Julianos e tem perto de 3000m, a título de curiosidade, é a montanha que está representada na bandeira da Eslovénia e o seu nome significa "três cabecas", pois essa é a forma do pico da montanha. Subir o Triglav é, segundo os eslovenos, algo que cada habitante deve fazer pelo menos uma vez na vida. A base escolhida para o ínicio desta caminhada foi o lago Bohinj, uma verdadeira pérola da natureza. O percurso escolhido para atingir o topo chamava-se "7 jezero", os 7 lagos. Durante 4 dias caminhámos debaixo de um sol abrasador, subindo e descendo as montanhas que rodeavam o Triglav, vendo paisagens fabulosas e parando para dormir nos refúgios de montanha. A maior dificuldade, para mim, foi a ausência de água corrente durante a caminhada. Andávamos uma média de 10h por dia, com latas de atum às costas e suor a sair por todos os poros da pele. Ao fim de 4 dias estava num estado pouco bonito de se ver. Lembro-me de no último refúgio implorar e oferecer dinheiro para usar o wc dos empregados (que funcionava com água da chuva) ... não tive sorte e fui colar-me aos lencóis. Toda a caminhada decorreu, apesar da sua exigência, com normalidade. Os percursos estavam bem assinalados e a organizacão na montanha deixou-me impressionado. Fiquei contudo curioso quando vi, na véspera de atingir o topo, que todas as pessoas no refúgio tinham capacetes, parecidos com aqueles das obras. Não fazia sentido caminhar com aquele calor de capacete. Dormi intrigado.

No dia seguinte, logo pela fresquinha, desvendei o mistério. Parte do ataque ao cume era feito em escalada. Uma parede de 400m, com ferros cravados para ajudar a subir. O movimento de pessoas originava o deslize de pedras e o capacete evitava que se partisse a cabeca. Estava bem pensado sim senhor. Mas nós não tínhamos.

Seguimos assim, com cuidado e atencão redobrada de cada vez que passávamos por uma lápide indicativa de uma queda. Pé ante pé, cuidado nos ferros e olho nas pedras, subimos a parede e depois de mais umas horas a caminhar chegámos ao topo. O dia estava claro e pudémos apreciar a vista fabulosa que o Triglav oferecia. Senti pela primeira vez na minha vida que tinha colocado o meu corpo à prova e não deixei de sentir, uma vez no topo, alguma realizacão pessoal.

Regressámos ao lago Bohinj e depois de um demorado duche seguimos viagem.

A caminho da capital Ljubljana passámos por outro lago, o Bled, de águas claras e com uma curiosa ilha no meio, na minha opinião a pérola da Eslovénia.
Ljubljana é uma cidade pequena, muito pitoresca com o seu castelo altaneiro e, como é hábito por essa europa fora, construída à volta do seu rio. Fiquei impressionado com a organizacão, com as infra-estruturas, com a limpeza e com a modernidade da cidade. É bom lembrar que a Eslovénia é independente há menos de 20 anos. Na altura desta visita, o país ainda não pertencia à UE (embora estivesse em processo de adesão) e lembro-me perfeitamente de pensar que, uma vez na UE, rapidamente ultrapassaria Portugal. Confirmou-se.
Hoje, depois de ter visto outros países da antiga Jugoslávia concluo que a Eslovénia é de longe o mais avancado entre eles.
A minha única impressão negativa veio mesmo dos locais. Não esbanjavam simpatia...
Da capital seguimos para a costa, para a pequeníssima zona costeira da Eslovénia, mais especificamente para Piran, passando ainda pelas Skocjan Caves, património da Unesco.
A Eslovénia foi para mim, no seu todo, uma agradável supresa. Num pequeno espaco de terra possibilita ao viajante o contacto com o mar, com a montanha, com o património, com a cultura e com a história.
Foi uma das viagens que mais me marcou.







2 comentários:

  1. uauuu! 4 dias a caminhar sob sol escaldante sem água corrente?! espero q tenhas aproveitado os lagos para a banhoca. com 7 lagos em 4 dias não deve ter havido problema... :)

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  2. Ora aí é que estava o busílis. Dos 7 lagos só um dava para a banhoca e foi o que apareceu no primeiro dia. Daí para a frente foi só acumular cheiro :)

    tf

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