segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Roma










Roma é caótica, suja e quente.
As pessoas gritam, os condutores não sabem para que servem aquelas listas brancas pintadas no chão e as fachadas imploram uma pincelada de tinta.
Escusado será dizer que adorei. Quase que me senti em casa.
Há por ali pontos que cruzam a Lusitana confusão ou não vivêssemos todos debaixo do mesmo sol.
Roma é uma autêntica cidade museu. Antiga capital do vasto e riquíssimo império romano, é hoje um ponto de passagem obrigatório para quem gosta de História.
Das grandes capitais europeias (Londres, Paris, Roma, Berlim e Madrid) é de longe a mais mal tratada. Se César (qualquer um deles excepto o Nero) visse o estado de conservação de Roma, ainda davas umas valentes voltas na cova.
Detalhes imagino eu...provavelmente se Roma fosse uma cidade austríaca estaria coberta de verdejantes parques e cristalinos passeios, mas, tal como a fibra óptica, não seria a mesma coisa.
Assim, atenção com a malta das vespas e forca nessas solas. Há muito, muito para ver e sempre uma razão para voltar.
Roma tem desde logo a curiosidade de albergar o país mais pequeno do mundo, o Vaticano. Não vou debitar postas sobre aquilo que o Vaticano e os seus tesouros representam para um ateu como eu, mas não resisto a manifestar a minha estupefacção ao ver uns quantos milhares, debaixo de um sol assassino e com as camisolas alagadas, atentos a uma voz que entre patacoadas apela à paz mundial enquanto observam, lá ao longe, uma cabecinha numa varanda. Deve ser aquilo a que chamam fé.
A beleza do sítio é inquestionável. Impressionante.
Convenhamos no entanto que tal grandiosidade era expectável. Se com séculos de gamanço tivessem uma decoração do IKEA é que eu ficaria admirado...
Os Reis europeus enviavam para lá tesouros para ficaram no lado certo do todo poderoso. O comum plebeu, entre a fome que passava, também pagava impostos para que deus gostasse dele. Com a fortuna acumulada, os "representantes da igreja" construíam palácios, compravam obras dos grandes mestres e viviam no deboche. Se não me engano foi o Rei de Inglaterra (Henrique??) o primeiro a meter travão na coisa...
Hoje recebem o rebanho na praça de S. Pedro e vendem t-shirts do papa. O dinheiro continua a entrar a bom ritmo. Tudo por um pedaço no céu.
Falando em céu e arrastando daí para o sol, tentem não cometer o erro clássico de visitar Roma no verão. O calor é insuportável e as pernas querem tudo menos carregar a barriga. A cidade transpira turistas e há filas intermináveis para entrar em todo o lado.
Foi aliás esse o grande contra. Muitos turistas, muita gente a querer tirar a fotografia da moda, muitas vozes fora do sítio. Todas as esplanadas cheias na Piazza Navona, muitos cotovelos na Fonte de Trevi, muitas pernas na escadaria espanhola e sempre, mas sempre, centenas de pessoas em fila para entrar em qualquer lado. Não há muito a fazer. Roma é realmente muito interessante e é por isso natural que desperte curiosidade em milhões de turistas, contudo, será certamente mais genuína e suportável fora da época alta.
O Coliseu está na parte da cidade conhecida como "Roma ancestral", perto de outras ruínas romanas e ligado por uma avenida "vigiada" pelos vários imperadores. Será talvez a parte da cidade mais próxima da glória do passado e aquela que mais me impressionou. Desde logo o conceito que suporta o coliseu. Um sítio onde pessoas iam morrer em nome do entretenimento. Era disso que se tratava. Uma espécie de home cinema mais real. E ainda saudavam César antes de serem transformados em comida de gato grande. E notem que na altura do Império, eram os romanos os civilizados e bárbaros os povos por eles dominados. Ou pelo menos era o que eles achavam. Ironia dos tempos...
Não fiquei com a curiosidade satisfeita e duvide que algum dia fique.
Será mais uma para acrescentar na lista dos "até já".

Sem comentários:

Enviar um comentário