sábado, 27 de abril de 2013

Next stop: algures lá em baixo


Serei provavelmente o cliente da Lufthansa mais fácil de enganar. Assim que aparece uma promocão, corro para o calendário na tentativa de a aproveitar. Seja qual for o destino. Alguém disse que cada sítio encerra uma surpresa.
Uns dias disponíveis e uma promocão de uma companhia que voa sempre com combustível suficiente. Simples e eficaz. É quase sempre assim que meto a mochila às costas.
Resolvi combater um medo antigo (atravessar o Atlântico Sul de avião) e visitar a América do Sul pela primeira vez na minha vida. "Combater um medo antigo" aqui chama-se xanax. Voarei mais dopado que o Casagrande a caminho de Buenos Aires.
Tenho por hábito preparar sempre as minhas viagens, mais para evitar as surpresas degradáveis do que para saber o que "há lá para ver". Desta vez dediquei-me um pouco mais do que é hábito e, a poucos dias de embarcar, arrependo-me de o ter feito. Tinha uma ideia romântica da cidade "mais europeia da América Latina" que entretanto foi adulterada por tudo o que li. A inseguranca, os esquemas dos taxistas, as notas falsas, os assaltos em pleno dia, os bairros proibidos depois das 18h (o da foto, por exemplo), a mostarda como desculpa para um roubo a três, as cópias dos cartões de crédito, as caixas ATM, o código de roupa para passar despercebido, etc, etc. Estou mais do que preparado para todo e qualquer esquema e isso, inevitavelmente, retira o brilho à coisa. Gosto de andar descontraído e não tenho medo de ruas perdidas mas, andar desconfiado de tudo o que mexe também não é a minha ideia de conhecer novas realidades.
Pensava eu que Buenos Aires era um sitio diferente, provavelmente influenciado pelos anos de propaganda sobre a violência nas cidades vizinhas do Brasil. Ora...a conclusão é óbvia: nunca ouvi notícias da Argentina. Tão simples quanto isso.
Ainda que parta desconfiado, estou certo que Buenos Aires me encherá as medidas. Há muito para ver, entre tango e a Mafalda de Quino, Evita e a praca 9 de Maio, La Boca e suas cores, San Telmo e o seu mercado.
Aproveitando o facto de estar a 1h de barco do Uruguai, vou atravessar o rio de La Plata e conhecer também Colónia, uma cidade outrora portuguesa utilizada para rivalizar com o porto de Buenos Aires, na era da colonizacão espanhola.
Se tudo correr bem, estarei a celebrar o meu trigésimo sexto aniversário ao som de Gardel, com um belo Mendoza a acompanhar um bife maior que o prato. 36...a vida passa a correr e o mundo nãö encolhe.
Entretanto, enquanto fazia a mala a Lufthansa arranjou mais uma promocão para as "Arábias". Não se faz...
Doha é a senhora que se segue.


Sem comentários:

Enviar um comentário