Istambul é uma cidade fascinante. Provavelmente, de entre aquelas que visitei, a que mais história respira.
A razão para isso é simples: a localizacão.
Istanbul é banhada pelo mar da Marmara, que no fundo estabelece o ponto de ligacão entre o Mediterrâneo e o mar Negro. A capital turca é a única cidade do mundo dividida entre dois continentes, neste caso Europa e Ásia. Atravessando o estreito que liga o mar da Marmara ao mar Negro, na direccão deste último, vemos o continente europeu na margem esquerda e o asiático na direita. Compreende-se assim que Istambul tenha tido uma importância estratégica ao longo dos séculos. A cidade foi capital dos impérios romano, bizantino, latino e otomano, até conseguir a identidade turca que hoje se conhece, no fim da I GG.
Escusado será dizer que em cada esquina há um vestígio de qualquer povo...
Há até monumentos que foram convertidos consoante o império dominante. O melhor exemplo será a mesquita "Hagia Sofia" (3a foto a contar de baixo), provavelmente o mais emblemático monumento de Istambul, que apesar dos terramotos e das batalhas, se aguenta por ali há mais de 1000 anos. Comecou por ser uma igreja Bizantina e mais tarde (por volta do séc XVI acho eu...) foi convertida para mesquita quando os Otomanos conquistaram a cidade.
Não há muito tempo via um documentário sobre um túnel (para o metro se não engano) que estava a ser construído no mar da Marmara para ligar a parte asiática com a parte europeia e aliviar um pouco o trânsito. Já com o projecto bem avancado tiveram que parar tudo porque durante as escavacões alguém descobriu um porto romano inteiro.
Acho que este é o exemplo que melhor ilustra Istambul e a sua riqueza cultural. Qualquer cão que tente esconder um osso dá de imediato com um anel de César ou com um turbante do Sultão.
Mais de 10 milhões de pessoas vivem em Istambul. Há confusão, barulho e movimento. Quase que me sinto em casa.
E as pessoas, ao contrário do que eu pensava (acho que levava uma impressão baseada nos turcos que por aqui vivem), são extremamente simpáticas e bem dispostas.
Sendo Istambul a única parte da Turquia que está na Europa, não acho sinceramente que a cidade seja o espelho do resto do país, mas veremos noutras andancas de mochila às costas.
As mesquitas, os palácios, os mercados, as vistas para o mar da Marmara, os passeios de barco em direccão ao mar negro são alguns dos "a não perder" que a cidade oferece.
Nota para a comida. Come-se bem e barato (quando se foge dos restaurantes dos turistas). Particular destaque para o "pide" (belo nome para se mastigar) que é um género de pizza em forma de barco (2a foto a contar de cima) e que basicamente por levar tudo e mais alguma coisa lá em cima.
O bónus que Istambul me ofereceu, e aqui é apenas uma curiosidade para um fã do Mr. Bond, foi passar por cenários já pisados pelo rei dos martinis secos. O farol no meio do mar da Marmara onde Pierce Brosnan e Sophie Marceau fizeram o "The world is not enough" e a enorme cisterna romana (também descoberta por acaso...quem diria? - última foto) onde Sean Connery andou de barco para vigiar a embaixada russa em "From Russia with love".
Istambul tem o problema de não ser uma cidade totalmente segura, pelo menos segundo o padrão europeu. Os problemas com os separatistas do Curdistão turco dão origem, aqui e ali, a umas bombitas. Lembro-me de ler sobre a explosão de três bombas, uma semana depois de lá estar.
Mas, e seguindo um chavão do séc.XXI, onde é que se pode estar seguro hoje em dia?
Não me lembro de muitos sítios, por isso, é a visitar minha gente.
Esta é daquelas a que faco questão de voltar.
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