domingo, 9 de maio de 2010

NY











































Agora que o regresso está marcado tenho andado a pensar , aqui e ali, com que olhos voltarei a ver NY. A minha única passagem pela "cidade que nunca dorme" aconteceu há 10 anos, mais ou menos da mesma forma que tudo acontecia nessa altura na minha vida, ou seja, por mero acaso.

Recebi por correio (daquele de papel) uma promoção da agência de viagens Tagus com um "vá a Nova Iorque por 45 contos" (ou seriam 225 eur? Já não me lembro quando é que desapareceu o "conto"...bom, para mim nunca). Eu e a pessoa que na altura dividia o cérelac comigo, depois de uns bons 23 segundos a analisar a coisa, decidimos ir. Marcámos um hostel pela internet, pedi os óculos emprestados ao Paco Bandeira e seguimos viagem.

Há 10 anos atrás as alturas não eram um problema para mim e as companhias de aviação também não. O 11 de Setembro aconteceria apenas no ano seguinte...

Nem há uma hora tínhamos chegado e já dizíamos mal da vida. O hostel, com fotografias apelativas na net, era apenas um buraco com uma janela de 10x10cm. Há grutas no Paquistão com melhor aspecto. Foi o início de uma longa aprendizagem chamada "como não ser enrolado pela internet". Do outro lado da rua estava uma pensão coreana onde o simpático Fernando Lee (é mesmo assim) nos acolheu e nos explicou que ruas não deveríamos cruzar. O Harlem basicamente...

Aposto que se a pensão fosse de um jamaicano a nota de rodapé teria ido para Chinatown.

Nunca me senti como um turista. Desde o primeiro minuto que me senti em casa e isto é perfeitamente lógico. Se os EUA são formados por emigrantes de todo o mundo, NY deve ser onde o pote ferve mais. Lembro-me de andar na rua e de ver uma mistura de gente impressionante. Eu era apenas mais um no meio da corrente.
Quando voltei a ver estas fotografias, em papel que na altura a máquina era de reco-reco (como se vê pela qualidade...), fiquei com uma sensacão esquisita. É certo que nada é eterno, tudo muda a cada minuto, mas Nova Iorque deve ter mudado imenso...a comecar pelas torres e por toda uma paranóia que aí comecou. Uma das recordacões que tenho mais presente é exactamente uma das torres gémeas, mais especificamente o 108 andar. Quando olhei cá para baixo os típicos taxis amarelos pareciam da matchbox. O mundo ficou de repente mais pequeno. É (era) uma altura absolutamente impressionante.
Foi também por ter consciência dessa altura que, ao fim de umas quantas repeticões, deixei de ver (no ano seguinte, em 2001) todos os vídeos sobre o ataque (que as televisões portuguesas repetiram até ao nível do imoral), em particular aqueles onde pessoas em desespero se atiravam da janela.
Como bem descreve a música, Nova Iorque é "a town that is famous as the place of movie scenes". Será provavelmente o destino que mais conhecido antes mesmo de ser visitado.
Wall Street, o Central Park, a Broadway, Times Square, o Empire State Building, Harlem, Chinatown, a ponte de Brooklyn. Em cada esquina a sensacão do "onde é que já vi isto?".
Fiquei também com a impressão de que tudo ali acontece. Como se fosse o centro do mundo. Será apenas uma opinião de quem nunca visitou as grandes cidades fora da Europa. Imagino que sim.
Há movimento e confusão, sons e luzes. Honestamente senti-me em casa.
Na altura não preparava minimamente as viagens, e mesmo não sendo possível ir no escuro para um sítio como Nova Iorque, sabia pouco sobre a cidade. Lembro-me de dar uma volta de charrete no central park e ouvir "maaaan, this park is huuuuge!!" quando perguntei ao condutor se o cavalo dava a volta ao verde todo...
Nesse mesmo parque vi a cena "há sempre um espanhol" da viagem. Pedia, um nuestro hermano, um perrito caliente con cebolla a um desgracado que tentava vender um hot-dog. Se não sabia o que era um perrito, cebolla muito menos. O espanhol, achando que a lingua oficial nos EUA seria a dele, lá continuou (são irritantes os espanhóis com esta coisa da língua) e, já farto de esperar, resolvi dizer a palavra mágica ao espanhol. Onion com isso e lá consegui comer. A propósito de comida, essa foi a única desilusão para mim. Sempre tive aquele preconceito idiota que a gastronomia americana se resumia a sandes. Já fartos de cachorros e sandes de frango, resolvemos um dia ir a um restaurante daqueles com mesas e menus. Desilusão. De facto a mesa tinha um garfo e uma faca, mas o menu apenas sandes (ainda que com carne) e saladas. Claro que a escolha de restaurantes internacionais era imensa mas a minha curiosidade era com a comida típica. O que é que os índios e os cowboys deixaram a esta malta? Fiquei na mesma.
Durante uns tempos ainda alimentei a ideia de ir viver para Nova Iorque.
A cidade fascina-me. Pelo que faz e deixa fazer.
Estou ansioso pela segunda parte deste filme.















1 comentário:

  1. Como é possível que a tua discrição de à 10 anos atrás coincida com a da minha visita feita à um ano???
    É realmente a minha cidade!!!
    O meu sonho estúpido de vida é mesmo um loft em plena 5º avenida...

    ResponderEliminar