Há cidades que entram de caras na lista "não podes bater a bota sem lá passar", Veneza é uma delas. Não faço ideia da estatística, mas imagino que, juntamente com Londres e Paris, seja a cidade europeia que mais cenários empresta à industria do cinema. Quem nunca viu estes canais num filme? Até o Bond já lá passou umas quatro vezes...
E é exactamente essa a sensação de quem atravessa cada uma das magnificas praças, de quem sobe as escadarias, de quem percorre cada uma das pontes. A sensação de que estamos a viver um filme.
Veneza é uma cidade lindíssima. Respira-se arte e cultura em cada esquina. A arquitectura reflete, e de que maneira, a influência dos 9 séculos da República de Veneza (o império caiu depois das invasões Napoleónicas no séc.XVIII....o meia-leca era tramado).
Há inúmeros pontos de interesse em Veneza. Quase que diria que basta sair do avião e entrar numa gôndola para ter a viagem ganha, mas há Vivaldi, há a ponte Rialto, a praça de S. Marcos com a sua famosíssima basílica e campanário, o carnaval, o festival de cinema, o grande canal, as casas construidas em cima de estacas, as igrejas, os canais escondidos, os barcos...essa particularidade única de nos deslocarmos para todo o lado de barco.
Claro que Veneza não é segredo nenhum ou para usar uma linguagem mais "rotas & destinos", uma "gema escondida" algures. É uma cidade que jorra turistas em cada canal. Faz sentido, é única e todos a querem ver.
Uma curiosidade sobre a água. É porquita. Bem porquita. Imagino que a quantidade de barcos não dê saúde ao Adriático no lado italiano. Aliás, é normal ver italianos aos magotes (gosto desta expressão embora não saiba o que é um magote) na costa croata. O mesmo Adriático é cristalino desse lado.
Mas, voltando a Veneza, por ser uma cidade famosa e com muitos visitantes, a lei da oferta e da procura é uma realidade. Nem tudo está feito para o turista da mochila às costas com o pequeno-almoço gamado no hotel (ouvi dizer).
Um dos dias em que passava pela praça de S. Marcos, entretido com aquele aviário que por lá deambula, ouvi o "Danúbio Azul" tocado ao vivo. O som, bastante agradável, vinha de uma das esplanadas, mais precisamente do famoso "Florian".
Claro que me sentei.
O empregado, que certamente apreciou a minha mochila e quem sabe os calções com buracos de traça, trouxe a ementa e delicadamente apontou para a última linha que dizia qualquer coisa deste género: "só para te sentares já estás a pagar 10 eur".
Olhei para o tipo de clientela e imaginei que o camarada não estivesse muito interessado em "mochileiros". O que foi um pena, porque a música estava mesmo boa e sinceramente, este tipo de salamaleque não me atrapalha muito. Encostei-me a apreciar o violino e pedi um café. Ou terá sido um cappuccino? Já não me lembro. Mas trazia um chocolatinho e tudo. Engonhei qb e aproveitei cada minuto. Foi o café mais caro da minha vida mas a música, que dura e dura, fez render, e bem, o peixe.
Foi a minha primeira passagem por Itália e fiquei encantado. Mais com o sítio do que com as pessoas. Talvez por estar habituado à típica hospitalidade lusa, não fiquei particularmente fã dos modos dos italianos. Mas enfim, nada como repetir a dose para tirar a prova dos 9.
Veneza é para repetir.
Veneza é para repetir.
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